quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Daqui a umas horas enfio-me num avião para Barcelona

E estou extremamente nervoso. E se rebenta uma janela e a pressão começa a sugar pessoas dali para fora? E se aparece um pássaro parvo que se enfia no motor? E se com este frio os flaps congelam? E se o motor não pega? E se o piloto se esquece das chaves do avião no quarto de hotel? E se o leme pegar fogo (que visto de terra deve ser um espectáculo visual interessante)?

Não estou mesmo nada habituado a andar de avião... E agora vou sozinho! Ao menos que vá uma velhinha simpática ao meu lado, simpatize comigo e me deixe toda a sua fortuna. Nada daquelas que passam a viagem a tossir e a cuspir gosma e expectoração verde para o lenço que depois enfia de qualquer forma pela manga acima...

O que vale é que a viagem é curta (passa num peidinho, expressão adorável) e depois vou estar com a Marta :)

Entretanto esta temperatura é que não me anima nada para sair de casa às 6h da manhã (juro que não foi montagem. Foi tirada num print screen e cortada na poderosa ferramenta de edição de imagem que é o Paint.)

O quentinho de Madrid às 01:56.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sabiam que...?

As artes estão ordenadas da seguinte forma:

1ª arte - Música

2ª arte - Pintura

3ª arte - Escultura
4ª arte - Arquitectura

5ª arte - Literatura

6ª arte - Coreografia

7ª arte - Cinema



E depois ainda há as que toda a gente discute e não se chega a um consenso:

8ª arte - Fotografia
9ª arte - Banda-desenhada

Quanto a mim, a culinária devia ser a 10ª arte. E vocês, o que acham?

Coisas que se vêem por Madrid II


Como mamar melhor e o caminho para a salvação eterna. Tudo na capital espanhola.

Futebol e chuva

Hoje tivemos o primeiro jogo de futebol da Copa Universitária. Não correu nada bem, perdemos 5-1. Os números não interessam quando temos uma equipa que está a ganhar por 1-0 e depois toda a gente começa a correr para a frente para querer marcar um golo. Também não ajuda termos chegado mesmo em cima do jogo e não termos tido tempo para aquecer. É igualmente chato só termos um substituto que se lesionou. Nem se fala do facto de o árbitro só ter dado 2 minutos de intervalo. Há coisas a corrigir, mentalidades a mudar, posições a aprender. Mas foi divertido até, é giro falar espanhol e chamarem-me Ricardo (aqui o Vítor Baía é tabu, porque, ao que me explicaram, um guarda-redes como ele não vale o que ele custou ao Barcelona) a torto e a direito.

Agora, incoveniente é esta chuva que cai desde as 22.37 da noite passada - e ainda não parou - e estes fantásticos 6º que estão lá fora. Frescote não?

domingo, 26 de outubro de 2008

Malucos

Acabou de passar um maluco na rua que ia a falar sozinho. Depois foi até ao fundo da rua e mesmo antes de virar a esquina parou. Parou e começou a falar, durante uns bons 4 minutos, para uma grade que estava ali, parada. A falar, quer dizer, a gritar. A gritar belos impropérios como "de puta madre", ou "hija de una grande puta". E virava a esquina e voltava para trás para a chamar "puta" mais uma vez. E depois fitava a grade, olhos nos olhos, e esperava uma resposta. Depois de a grade responder, ele gritava mais um pouco. Virava a esquina e voltava para trás, para a tratar mal mais um bocado. Para a grade. Fez-me lembrar o Vasco Santana, quando pediu lume a um poste. Mas em espanhol. E para uma grade. Tratou-a mesmo mal, abusou dela verbalmente. E não pediu desculpa. À terceira virou a esquina de vez e não voltou. Eu e a Bárbara ficámos chocados e a grade de certeza que ainda está combalida com toda esta situação. Pobre da grade, ninguém a vai consolar agora.
Se bem que também não sabemos a versão da história da parte da grade. Ela pode ter sido malévola para o pobre homem e agora, depois de tanto tempo, terem-se encontrado ali e ele perdeu a cabeça. Com a grade.

A pedido de muitas famílias

Uma actualização que não é um vídeo do Tubas.

Esta semana foi um tirinho, passou bem rápido. Tenho as terças e as quartas sem aulas, de forma que o marasmo se apodera de mim com alguma facilidade - mas também ajuda a que a casa se mantenha limpa.
Recebemos visitas, de duas polacas irritantes, amigas do Mariusz. Esta gente de Leste é estranha, muito fechada e de poucas palavras. Deitam-se tarde e levantam-se muito cedo. Já nós, fomos sair na quinta e chegámos a Getafe às 9h... Mas só porque o comboio só abre de manhã cedo (a sério Mãe!). Conheci uma pessoa, o Pedro de Lisboa, que gosta de música. Mas música a sério!! Estivemos numa discoteca (o Joy, que é um teatro restaurado) a falar de Miles Davis, King Crimson, Amon Dull, Victor Wooten... Foi bom, esquecer as frustrações de que 80% dos Eramus só querem sair, beber e fo*** e ter uma conversa culta.

Ontem fomos sair: jantares em casa da Sara e da Carla já são rotina e bem bom que são esses jantares. Gosto imenso quando nos juntamos todos e falamos em português bem alto, contamos histórias, bebemos uns copos e depois vamos para a rua. Em Madrid há sempre imensa gente na rua. Mas imensa mesmo! A Gran Vía tem sempre pessoas e carros, barulhos citadinos. É uma cidade bem viva.

O corpo é que se ressente bem mais e depois acontece como hoje: durmo das seis às seis. Ainda por cima agora a hora mudou, atrasou uma hora. O estranho é que se já amanhecia muito tarde (por volta das 8h), agora vai piorar. E vai anoitecer mais cedo. E eu ressinto-me com isso. Hoje quase nem me lembro de ter visto o sol.
Amanhã tenho que me levantar às 8h, para ir ter Relato Informativo. Vai ser de noite e está-me a fazer confusão. Felizmente não estou na Islândia ou na Finlândia, um desses nórdicos onde a noite parece eterna. Mas antes de me ir deitar, vou para a sala ver o Mundo Oculto, um programa de coisas estranhas que dá na Cuatro. A tv espanhola é uma coisa fantástica, a sério. Para o melhor e o pior.

PS - quinta vou a Barcelona matar saudades.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Para curar uma noite pouco dormida...

Por aqui ouve-se um dos nomes maiores do funk e que já colaborou com, imaginem, Pedro Abrunhosa. Falo, claro, de Maceo Parker.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Gás Natural em Espanha

A publicidade em Espanha é uma coisa séria. E pensada. Não existe a Marta da OK Teleseguro, nem a velhinha da Neoblanc, ou a Filipa VaconDeus. Mas existem porcos voadores e homens patinadores de sabão. Ora vejam.

Aproveito também para anunciar que, qual George W. Bush, me rebeliei ao resultado das votações (a maior parte votou a opção D) e tomei banho e fiz a barba.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Cumpleaños

Feliz cumpleaños Bárbara!

PS - hoje vai haver festa!

3 sinais do Apocalipse

Portanto fim do mundo está a chegar quando:

- Chove durante 25 minutos seguidos e a água atinge um metro e meio de altura;
- As obras no prédio começam às 8.53;
- Os trolhas do prédio cantam, por esta ordem, Roberto Carlos, a Hallelujah do Jeff Buckley ou do Leonard Cohen e Eros Ramazzotti.

Atentai, pois o fim do mundo pode estar a chegar.

domingo, 19 de outubro de 2008

Erasmus interactivo

Este é o meu estado actual: domingo de tarde, levantei-me às 15.26, ainda não tomei banho e a barba já tem umas duas semanas. Vou deixar que vocês decidam o que devo eu fazer a seguir:

a) Tomo banho e faço a barba;
b) Tomo banho e deixo a barba crescer;
c) Faço a barba mas não tomo banho;
d) Não faço a barba nem tomo banho.

A votação está aberta até quarta-feira, dia em que tomarei uma decisão, consoante o que vocês votarem.

sábado, 18 de outubro de 2008

Coisas de que tenho saudades II

Tenho mesmo muitas saudades de beber um café quentinho, bem tirado, saboroso. Nada destas merdas aguadas que eles servem aqui, nunca por menos de 1€.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Coisas de que tenho saudades I



Sim, tenho saudades de Lisboa, muitas. E não me venham cá com coisas, porque toda a gente gosta da senhora de bigode que vive no mesmo prédio que a nossa avó.

Coisas que se vêem por Madrid



Eu não digo que estes espanhóis são malucos?

Alegria de criança

Duas ruas à frente da minha há uma escola. Nessa escola há crianças. Contagia-me a alegria delas, de ser criança, de terem um intervalo e saírem de uma sala de aula. Gritam, pulam, correm, gritam outra vez. E eu sinto-me contagiado, sinto-me alegre e feliz.

Em tempos que esteja mais triste ou a sentir-me mais em baixo, tenho a certeza que a alegria daquelas crianças vai ser extremamente retemperadora.

PS - hoje vou jogar futebol com pessoal da Universidade. Pelos vistos vou fazer parte da equipa de futebol de cinco daqui. Vai ser bom para sentir dores e tentar manter a pouca forma física que tenho e da qual me orgulho, apesar de tudo.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Estes espanhóis são malucos

Ontem fomos ao Museo Reina Sofia, um dos três museus mais importantes da capital espanhola (Thyssen e Prado são os outros dois). Pessoalmente atraía-me muito mais, pois é direccionado para a arte moderna. Picasso, Dali e Miró, entre muitos outros, têm direito a figurar entre os longos corredores do museu, entre cubismo, surrealismo, vanguardismo e tantos outros -ismos.
Ver a Guernica era um sonho de criança, principalmente porque cresci com aquele quadro. Existe na minha sala, desde que tenho consciência de mim, uma reprodução do famoso mural que Picasso pintou para a exposição mundial de Paris, retratando os horrores da Guerra Civil. O original é enorme, muito maior do que imaginava. Foi uma sensação extremamente reconfortante estar de frente para um quadro que me diz tanta coisa, que me transportava directamente para a minha casa e a minha sala. Não sou nenhum entendido naquele quadro, mas senti que sabia mais sobre ele do que qualquer outra pessoa que ali estivesse. Irei lá voltar, para admirar a Guernica e outros quadros de Dali e companhia e matar um bocado de saudades daquele gigantesco pedaço de minha casa.

Uma coisa que estou sempre à espera aqui em Madrid, é de ir à varanda e ouvir falar português. Só assim como quem não quer a coisa. Até da voz de bagaço da minha vizinha (que bate no marido e diz asneiras a toda a hora) tenho saudades. Pensar em Lisboa então, é um martírio... Isto porque evito ao máximo não pensar em Lamego e em toda a gente que ficou em Portugal, porque aí não ia aguentar. Estar longe é, por vezes, bastante chato.

Hoje a Marta foi embora... Eram 12.17 quando olhei para ela pela última vez no aeroporto. Depois tive que ir embora, não aguentava mais vê-la ir, parecia que ia devagar demais... Agora, conto os dias até 26 de Novembro, data marcada para rumar até Barcelona. Já tenho saudades.

PS - "Estes espanhóis são malucos" é a frase do meu Erasmus. É-me difícil perceber como é que se faz sesta a partir das 14h (inviabilizando a minha ida ao café, por mais aguado que este seja), como é que se bebe café com leite a seguir às refeições e porque é que se vai maquilhado para as aulas. Fiquei bastante contente quando vi um senhor fechado num carro a ouvir a "Sad But True", dos Metallica, e a fazer headbang como se não houvesse amanhã. Estas coisas fazem-me sorrir.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Marta e tapas

Começo a pecar por não actualizar tantas vezes quanto queria. Quem sofre é quem lê, pois os posts vão ficando maiores.
A Marta está cá desde quinta-feira passada mas infelizmente já se vai embora na terça. Já estava cheio de saudades, ela ter cá vindo foi definitivamente o melhor que me podia ter acontecido! Agora daqui a um mês vou eu a Barcelona.
Depois de uma quinta-feira calminha - em que começámos a filmar reportagens para a cadeira de TV Informativa (entrevistámos uma professora auxiliar italiana que estava a fumar um charro enquanto nos dava a sua opinião) - e uma sexta-feira em que palmilhei Madrid em busca de um Banco do Brasil inexistente, no sábado foi claramente o dia de Portugal por cá: além da Marta, a Carolina, o David e o Sérgio (não, não é o do Rio) também por cá estão uns dias. Fomos ter com a Sara e a Carla à tarde e andámos a passear por Madrid. À medida que o tempo avançava, urgia também comer, pois o estômago ressentia-se. A Casa Granada (ali para os lados do Sol) e as suas tapas afamadas pela Lucy esperavam-nos... E uma hora e meia de espera também. Aquilo é num sítio bem recôndito, um 6º andar de um prédio normalíssimo; ninguém diria que ali se comem coisas que são uma maravilha. Depois de termos saltitado entre uma mesa para quatro - éramos 10 -, a varanda e tentarmos ficar com uma mesa para 8 que afinal está eternamente reservada a 5 velhotes, lá ficámos com as mesas altas. Depois daí para a frente foi um manancial de tapas: batatas com chouriço e morcela e seis molhos, tortilla de batata, gambas com alho, chouriço ibérico... Muita comida mesmo, com dois cafés, três jarros de sangria para todos e apenas 9€ a cada (o que para Madrid e tendo em conta tudo o que comemos não foi nada caro).
Entretanto começara a chover e punha-se a questão: para onde ir? Não precisámos de ir mais longe que o hall de entrada do prédio. Passo a explicar: quando descemos o elevador e vimos que choviam gatos e cães, também encontrámos um grupo de 7 ou 8 espanhóis que estavam a beber e a cantar por ali, numa espécie de mini-botellon privado. Enquanto esperávamos que a chuva amainasse, eles convidaram-nos a cantar com eles. Tudo isto acabou numa espécie de cantos à desgarrada, portugueses e espanhóis (sim, não há cá contra os espanhóis, nisto quer-se é diversão). Ficámos nisto até às 3.30, depois de a Casa Granada ter fechado, depois de cerca de mais 10 pessoas se terem juntado a nós a cantar e a dançar, depois de cerca de 30 pessoas terem entrado e saído, depois de todo um cancioneiro popular, de fado e música brasileira ter sido cantado a plenos pulmões. Em Espanha a fiesta não pára! E eles gostam muito de nós portugueses.

Ontem foi um dia mais calmo e muito cultural e intelectual. O Museo Nacional del Prado era o destino desejado e alcançado, até porque ontem foi feriado e a entrada em todos os museus era gratuita (já viu Senhor Primeiro-Ministro? Siesta e entradas gratuitas em museus!!).
Valeu bem a pena. Aquilo é gigantesco, tem salas que nunca mais acabam e quase só quadros: quadros gigantes e minúsculos, pintores famosos e desconhecidos, cores berrantes e aborrecidas... De tudo um pouco. Voltarei lá com certeza, assim que tiver mais tempo, quero voltar a olhar para os quadros do Velásquez e do El Bosco. Entretanto, se me despachar, vou já já para o Museo Reina Sofia.

- Camarero!
- Qué?
- Camarero!
- Qué?
- Una de fritura!
- Una de fritura?!
- Pone tu mano en mi fritura e baila...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Hoje...

...liguei a aparelhagem da sala. E já descobri o programa "M Ochenta", que só passa música dos malfadados anos 80.

É tão antiga que só tem leitor de vinil e de cassetes. É pena que o leitor de vinil já não tenha agulha, senão ia poder ouvir algumas coisas bonitas com aquele som puro e divinal...

E na terça-feira (Amaral, esta é para ti) passada, encontrei isto:

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Staring at God's masterpiece

Isto tem todo um contexto miraculoso e sobrenatural. Mas masterpiece não existe, existe é masterpiss, que é aquilo que vou fazer agora porque estou aflitinho.

Boas noites à espanhola. Convosco, sempre, António Manuel Sexy Silva, em directo de Getafe.

Ratas

Não gosto de manter blogues desactualizados, vai contra o meu ser, contra a minha maneira de ser.

Este fim-de-semana foi porreiro. No sábado fomos jantar a casa da Carla e da Sara, que vivem na Avenida Ciudad de Barcelona. Parece que cá também têm a mania de indicar os caminhos dizendo que fica "já ali". Claro que isso significa andar pelo menos uns 15 minutos, no mínimo. Contados os números das portas, chegámos a um prédio enorme, com as portas escancaradas e pátios interiores (como os que tenho cá em casa), mas algo sombrios, com aspecto de beco. Quando subimos para casa delas (no 4º andar), senti-me como se estivesse no Volver, do Almodóvar (vejam, vejam). Fiquei fascinado, quis viver ali. Toda a atmosfera sombria e algo decadente fez-me gostar daquilo. Sou uma pessoa cada vez mais estranha.
Aquele prédio é multi-cultural até dizer chega: peruanos, brasileiros, venezuelanos, dinamarqueses...uma autêntica feira de nacionalidades.
A casa era pequenina, mas bem confortável. Fizemos massa com salsichas, com molho de tomate. É sempre o mais fácil e o mais barato e sempre dá para pôr uns trocos de lado para a cerveja (Mahou cinco estrelas bebe-se muito bem). E a acompanhar (rufo intenso) chouriços alentejanos!! Epa, que miminho brutal que aquilo foi, um autêntico festival de aromas e sabores para a minha boca. Tenho que trazer salpicão e chouriço de Lamego quando lá for.

Depois de jogarmos Ring Of Fire durante uma horita, fomos sair. Chueca era o destino e, segundo a Sara, o de milhares de gays e lésbicas também. Expectativas que se confirmaram quando entrámos num bar para aliviar a bexiga. Uma menina que esperava a sua vez confidenciou-nos que "Soy muuuuuy lesbiana. E mi amiga también". A noite prometia.
Depois disso, procurámos o Tigre, um bar que supostamente existia, mas naquela noite teimava em não aparecer (ou nós teimávamos em não dar com o caminho). No meio disto tudo, encontrámos um colombiano - que creio que se chamava Diego, estudava em Salamanca e adora Portugal - que ia para o Clandestino. Pareceu-nos bem e lá fomos todos. O Clandestino tem dois andares, no de baixo dançava-se. Estivemos lá uns 45 minutos e depois subimos à procura de cerveja. Em vão porque o bar fechava às 3.30. Ao balcão estava um senhor português - que também me disse o nome, mas não me lembro - que era uma mistura de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e JP Simões (ex-Belle Chase Hotel, ex-Quinteto Tati). Disse-nos para irmos para o Via Láctea, outro bar que teimou em estar desaparecido. Começámos a pensar em ir comer e depois ir para casa. No caminho conhecemos três portugueses que também estavam meio perdidos: o Ângelo, o André e o Tiago. Fomos comer churros ao San Ginès, que eram servidos num prato e depois nós molhávamos em chocolate quente que estava numa caneca; no final bebia-se aquilo e limpavas o resto com os dedos. Às 4.30 cai que nem pedra.
Depois disso, foi uma maratona do Sol até Atocha para apanhar comboio...Isto depois de esperarmos meia-hora por um autocarro fantasma.
Enfim, com isto tudo eram 7.10 quando me deitei, depois de ter comido tortelinis e couves-de-bruxelas a acompanhar.

Hoje de manhã acordei com a merda das obras, mesmo por baixo do meu quarto, onde ouço o ribombar dos martelos. Não percebo a lógica de se começarem as obras às 9.15, pararem às 9.45 e recomeçarem às 10.10. Os espanhóis são malucos. Hoje até comi uma tosta mista com faca e garfo. Mas que raio?!

Quanto ao título do post: ratas é como os espanhóis dizem "ratos". Há sempre títulos muito cómicos como "Colónia de ratas en habitación", "Proliferan las ratas", coisas assim. Mas o episódio que eu presenciei na apresentação da aula de rádio foi algo que me transcende em muito. Um sujeito da minha turma disse que "vivo solo, por eso hay comprado una rata para me hacer compañia. Es bueno, pero la rata quier comer muchas vezes, me pide muchas cosas. Me cansa la rata. Y, por veces, la rata me muerde... Pero creo que lo hace con cariño".

PS - começamos a reunir uma colecção porreira de fotos, mas ainda não as tenho no meu pc... Quando as tiver, faço uma galeria toda bonitinha para vocês verem. Ou meto as fotos aqui sem qualquer ordem e sentido, também serve.
PS2 - como é possível o Sporting perder dois jogos seguidos?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Porcas, parafusos e rádio

Bem sei que estes títulos pecam pela originalidade, mas primam pela coerência. É o melhor que se pode arranjar.
Ontem fomos ao Pasión, bar da UC3M em Madrid. Cá eles também fazem festas da "Porca e do Parafuso", mas chamam-lhe tuerca e tornedillo. Ora, toda a conotação javarda e sexual da coisa perde-se. Coisas como "Quieres ser mi tuerca para esta noche?", ou "Puedo poner mi tornedillo en tu tuerca?" perdem toda a sua essência. Não há como o português realmente, em que frases como "Queres ser a minha porca?" ou "Posso pôr o meu parafuso na tua porca?" são cânones da noite para qualquer noctívago que se preze.
O Pasión é porreiro e ainda mais porreiro se torna porque com o cartão da ESN temos finos à borla. Só por duas horas e com muita espuma, mas à borla. Já estão a ver onde isto vai dar. A lado nenhum, porque a cerveja era mesmo má e à 1.45 já estávamos no bus, porque o Pachá tinha uma entrada de 15€ e o Joy uma fila de três horas. Foi porreiro conhecermos o Domenico, um rapaz de Roma que se apresentou - depois de se emplastrar numa foto - da seguinte forma "Olá, mi nombre es Domenico, soy de Roma. Significa Domingos em português, a minha ex-namorada era de Portugal. Caralho."

Hoje acordei às duas da tarde para ir para a aula de Produção e Realização Radiofónica (ou telefónica como lhe teimei em chamar durante muito tempo). Entrei e o professor disse "Hola António!". Mau, já me conhece, isto vai ser chato. Ainda me fez mais duas ou três perguntas na aula, pediu-me para intervir e disse que estava muito interessado em ouvir o meu programa e saber mais sobre ele e a Rádio Zero (claro está que como radialista amador, o meu ego inchou descomunalmente). Aliás, está tão interessado que em vez de um trabalho sobre a rádio portuguesa vou ter que dar uma aula de hora e meia, em espanhol, sobre o meu programa e a Zero. Em espanhol. Vai ser bonito, vai.
Mas o professor estava mesmo a gostar de mim, sempre a dizer "António isto, António aquilo". Eu até achei graça, é sempre bom quando um professor vai com a nossa cara... Até a Bárbara dizer "acho que ele é gay e deve gostar de meninos novos". Estou a ponderar desistir da cadeira.

Entretanto, para a cadeira, temos que criar uma rádio fictícia, para fazermos peças fictícias e um directo fictício. Temos um grupo com a Eva e mais dois chicos cujo nome não me recordo. Ah, e também o Moisés, que é um rapaz colombiano que tem cara de a qualquer momento sacar duma shotgun e fazer daquelas aulas um novo Columbine. Entretanto a ver se o expulsamos.
De qualquer forma, nós somos a Rádio Té (ou chá, na língua de Camões), uma rádio que versa sobre os países anglo-saxónicos. Entre outras coisas, vamos ter música: country (US of A), rock (UK) e celta (Irlanda). Além disso, o nome da rádio também dá muito jeito para os slogans e separadores: "Informa-!", "Divierte-!" e por aí adiante. Bem melhor que o exemplo do professor: "Rádio Carlitos, el hombre que bien sabe tocar los pitos".

Hoje de noite saímos com os brasileiros (Rodolfo, Rafael, Sílvio e Bruna) e com os italianos (Daniel e Alice). Fomos para um bar que também era a sede do PCE, ou Partido Comunista Espanhol. Claro que o comunismo é só uma utopia e cada cerveja custava 2.5€. Falámos de política e futebol, das diferenças linguísticas entre o português de Portugal e o português do Brasil (divertido para cacete!) e do Saramago Tempo houve ainda para o seguinte diálogo enquanto eu e a Bárbara apresentávamos a rádio do futuro ao pessoal, a Rádio Té:

Bárbara - Como vamos passar música celta, podemos passar uma banda que eu conheço, os Kila!
Pedro - Sim e depois podem dizer "Bienvenidos a Rádio Té-Kila!"

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Creative Zen Vision: M

Era o modelo que eu possuía. Disco de 30Gb, ecrã a cores, leitor de vídeo, em preto, um mimo. Era o modelo que eu possuía, porque ele resolveu morrer à meia-hora atrás. Ou pelo menos entrar em coma, porque ele está de certa forma ligado, mas não dá qualquer resposta. Nem o buraquinho de reset lhe valeu desta vez. A partir deste momento, o dia 2 de Outubro é um dia de luto domiciliário.

Adeus amigo, foste um fiel companheiro.

Construção civil

Não tenho nada contra trolhas, não tenho nada contra remodelações de casa... Mas quando estas acontecem mesmo debaixo do meu quarto, aí a porca torce o rabo. Já me dói a cabeça de ouvir PUM PUM PUM e sentir o chão debaixo de mim a tremer. Acho que vou acabar no andar de baixo, porque o chão vai ceder e ruir (com sorte caio sentado em cima da sanita, porque eles estão a remodelar a casa-de-banho).

Já me doía a cabeça, pois ontem não me deitei a horas decentes, mas agora está bem pior. E ainda por cima não posso gravar o programa porque o microfone apanha o ruído todo. Pai, se voltares a dizer que a música que eu ouço é um barulho infernal, fecho-te à chave aqui no meu quarto com obras durante a tarde e vais ver que vens logo a correr ter comigo e a pedir para ouvir o novo álbum dos Lay Down Rotten.