segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Músicas Fílmicas

E Cultura Audiovisual Contemporânea. Nome pomposo, que podiam ser duas cadeiras, mas não, é só uma. E o pobre do António Silva, que nem ingénuo português, foi atraído para a parte que diz "Músicas Fílmicas". Bem, também vamos falar disso...mas também vamos falar de artes performativas e de VJ-ing! "Que raro!", pensais vós. Sim, talvez, mas estamos em Espanha. 500km da FCSH, mas todo um mundo novo.

O nosso professor chama-se Fernando Salis e é...brasileiro! Notou-se assim que ele disse "Hola". Tal como ele fez questão de dizer "un lusohablante nota-se a la distancia". Ou então "en el samba, hay una turma de quatrocentos personas tocando", ou ainda "la expressión propriamente dicha". Vai ser giro, porque acho que vou finalmente perceber algo a 100% numa aula (o que não é complicado quando temos um professor que fala pior do que nós - o Pissarra não conta). Tudo muito giro, muito tu-cá, tu-lá e extremamente dinâmico. Quando digo extremamente é mesmo EXTREMAMENTE. A aula teve direito a uma dissertação sobre Nietzsche e a sua visão sobre o apolíneo e o dionisíaco, à qual se seguiu uma sessão musical de cerca de 20 minutos. Segundo o professor faltou uma "mesa de mescla", mas todas aquelas "mesclagens" que ele fez de improviso e na hora saiu incrivelmente bem. Começou em Wagner, passámos por gravações de coros e pássaros, Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, jazz, fritaria electrónica, funk, samba e techno. Ah, durante esta sessão estivemos de pé. E depois ele pediu-nos para dançarmos, para nos mexermos, movermos, andar pela sala, sentir o Dionísio que há em nós! A isto seguiu-se uma também improvisada sessão de VJ-ing, com loops do filme "Persona", do Ingmar Bergman. Aquela aula foi o êxtase total. Se me dissessem que uma aula ia ser assim eu não acreditava. O homem tem um ego do tamanho do mundo - até passou uma reportagem sobre ele -, mas ultrapassando isso é um porreiro e um frito do tamanho do mundo. Estas aulas vão ser a moca. Até porque vamos ter que fazer a nossa própria curta, para depois passarmos numa instalação do homem!!!!

Os almoços aqui são uma coisa por demais. DOIS PRATOS? E bons!!! A FCSH é miserável, tenho cada vez mais pena dos que não sabem o que se passa do outro lado da fronteira.


Chegar ali a Ciudad de Rodrigo já é outro mundo (uma hora a mais e tudo), mas Madrid... Até tenho vergonha de dizer que "estive num botellón quando devia estar na exposição sobre os maiores pintores espanhóis" (obrigado senhor professor de rádio por me dar uma consciência...ou alertar para a existência de uma).

Faz falta uma Bertrand, mas a Casa del Libro também tem livros da Penguin a 3,5€. "Dracula", do Bram Stoker faz-me torrar pestanas por estes dias e o novíssimo dos Bloodbath, "Fathomless Mastery" ensurdece-me mais um pouco.

Esclarecimento: Este é o segundo post em menos de 48 horas. Maravilha possível graças à tecnologia alucinante que é o Uí-Fi, lido assim, que nem nome de caniche mimado. Internet em casa é outro conforto.